O TikTok celebra a diversidade de conteúdo dentro da plataforma e o Lugar de Falas deste mês conta a história de Manu Mendes (@manumendes.rj), criadora com mais de 12 milhões de curtidas e 850 mil seguidores. Além de falar sobre aceitação do corpo e autoestima, ela compartilha experiências e sua vivência como mulher preta e mãe. Manu vê no TikTok uma oportunidade de se conectar com um público diverso e amplo: “A criação de conteúdo pra mim foi como um chamado. É meu propósito."

Conte-nos um pouco sobre sua história de vida e trajetória na internet.
Eu nasci no Rio Grande do Sul, mas vim para o Rio quando tinha mais ou menos 15 anos. Fiz o ensino médio no colégio Militar e me formei em Direito. Cheguei a trabalhar como funcionária pública por 10 anos, mas eu não me sentia completa. Casei, tive o meu filho Gabriel, e meu corpo modificou bastante. Foi quando recebi o convite pra ser modelo plus size e tudo mudou. Comecei a criar conteúdo para internet também, tentando encontrar outras mulheres que se parecessem e se identificassem comigo. Faço isso até hoje, conseguindo mudar a vida de muitas mulheres através do meu trabalho.

Quando e por que você começou a gravar conteúdo para o TikTok?
Eu comecei a gravar depois que meu corpo modificou por causa da minha gravidez. Senti falta de ver mulheres com corpos parecidos com o meu e achei que eu deveria ser essa referência que não tinha. Quis encontrar outras mulheres que passavam pelas mesmas situações; tanto mulheres negras quanto mulheres fora do padrão de um modo geral. Mulheres que não conseguem comprar roupas com facilidade, por exemplo, ou vivem relacionamentos nos quais não são valorizadas.

Em que momento você percebeu que tinha se tornado uma criadora? O que isso significou para você?
Acho que eu percebi isso quando meus seguidores começaram a me marcar em conteúdos pedindo que eu desse a minha opinião. Eu parei e pensei: espera, eles querem ouvir o que eu tenho a dizer. Minha opinião é importante para uma galera. E isso significa muito. Por muito tempo era como se eu gritasse e ninguém ouvisse. Perceber que seu trabalho faz a diferença é o sonho de todo criador. E aí eu tive que decidir se seguia com minha carreira no ramo do direito ou me dedicava integralmente à internet. Foi nesse momento que decidi me especializar e fiz minha pós-graduação em redes sociais.

O que a amplificação da sua voz e o impacto do conteúdo, através da plataforma, significam para a sua vida?
A criação de conteúdo pra mim foi como um chamado. É meu propósito. Me faz muito bem falar pra mulheres reais, como eu, que nós temos direito sim às melhores coisas da vida e que não devemos nos esconder só porque estamos fora do padrão. Mudar a vida das pessoas é mudar a minha própria vida todos os dias.

Qual o seu sonho de vida como criadora no TikTok?
Meu sonho hoje é ser reconhecida como autoridade dentro do meu nicho, e alcançar a marca de 1 milhão de seguidores. Depois atualizamos os sonhos (risos).

Na sua opinião, quais são os principais atrativos do TikTok para produzir conteúdo?
Eu considero o TikTok uma plataforma muito democrática. Os conteúdos orgânicos são valorizados e isso dá muita oportunidade pra quem realmente gosta de criar conteúdo. É um aplicativo fácil de usar, onde a gente consegue ensinar e aprender muita coisa de forma rápida.

Como o TikTok impactou a sua vida?
O TikTok levou minha voz pra lugares inimagináveis. Eu alcancei milhões de pessoas levando essa mensagem de autoamor e isso não seria possível de outras formas.

Como você tem usado a plataforma para se expressar de forma autêntica?
Gosto muito de dividir momentos da minha rotina como mulher preta, compartilhar mensagens de empoderamento feminino, dicas de looks, arrume-se comigo, também compartilho situações de maternidade que passo por ter um filho adolescente. Tem sido muito bom encontrar outras pessoas que passam pelas mesmas situações e poder criar essa rede de apoio.

Seu conteúdo é muito afirmativo, mas também usa muito do humor. De onde vem a inspiração?
Eu acho que a vida já é pesada demais então eu tento abordar temas que considero relevantes, mas de uma forma mais descontraída.

Você tem ajuda para gravar seus vídeos?
Minha família sempre me deu muito suporte. Meu filho grava comigo sempre que eu chamo, minha irmã e meus pais sempre me auxiliam quando é necessário.

Como é perceber que é uma voz muito forte da comunidade na plataforma?
É a realização de um sonho. Ser a referência que eu não tive. Levar essa mensagem pra meninas e mulheres que não se consideram bonitas porque não estão dentro de um padrão. Acredito que se eu mudar a vida de uma pessoa, pelo menos um pouquinho, estou contribuindo pra mudar o mundo.

Quais vídeos você mais gosta de gravar?
Eu amo gravar mensagens de autoamor, vídeos de empoderamento. O meu corpo hoje é um instrumento de revolução. É minha bandeira.

Você considera o TikTok um lugar acolhedor para produzir conteúdo?
Considero. Acho que o TikTok tem espaço pra criadores de todas as áreas, para todos os públicos. A gente consegue encontrar de tudo lá, o que torna a plataforma bem inclusiva e diversa.

Qual o maior desafio para produzir esse tipo de conteúdo?
Infelizmente as pessoas ainda são muito preconceituosas. E elas têm uma certa dificuldade pra questionar seu próprio racismo ou gordofobia. Acho que esse é o maior desafio. Precisamos de mais visibilidade para que nosso conteúdo alcance mais pessoas.

Quais suas maiores inspirações dentro do TikTok?
Yeda labrunie e Erika Affonso são duas amigas que o TikTok me deu. Mulheres pretas que criam conteúdos maravilhosos com os quais eu aprendo muito. São minhas inspirações tanto como pessoas quanto como criadoras de conteúdo.

Qual conselho você daria para quem está começando a criar na plataforma?
Sigam pessoas parecidas com vocês! Não se comparem! E não desistam! Às vezes a gente desanima, mas não tem vitória sem persistência.

Qual conselho você daria para aquelas pessoas que desejam resgatar sua autoestima?
As pessoas vão falar de qualquer jeito. Então pare de se desculpar por ser quem você é e seja você de propósito. Não se diminua pra caber nos padrões de pessoas que não sabem nada sobre a sua vida. Se você quer mudar, faça por você, não pelos outros. E o mais importante: não deixe de viver durante o processo. Vida é o que acontece enquanto a gente está deixando de viver preocupado com a opinião dos outros