Em 9 de agosto foi comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, e, nesta edição, o #LugarDeFalas celebra a criadora Kae Guajajara. Ela é cantora, educadora artística e já tem mais de 1 milhão de curtidas na plataforma e 85 mil seguidores. É uma voz importante dos povos indígenas dentro do TikTok, onde usa o espaço para dar voz às suas narrativas e lutas, além de tirar dúvidas e compartilhar seu trabalho musical.

Conte-nos um pouco sobre sua história de vida e trajetória na internet.

O meu primeiro palco foi a internet, plataforma importante para dar voz a narrativas inéditas, mesmo dentro de contextos até então “conhecidos”, como a pauta dos povos originários que ainda é abordada pelos livros paradidáticos de maneira distorcida. Minha história de vida vem desta busca por espaços de expressão. Nasci no Maranhão, em uma aldeia não demarcada, e vim morar no Rio de Janeiro ainda criança, no complexo de favelas da Maré. Seja no território físico ou na web, nós, povos originários, seguimos em processo de demarcação de todos os espaços que temos plenos direitos para acessar.

Quando e por que você começou a gravar conteúdos para o TikTok?

Comecei sem muitas expectativas sobre o impacto, mas me motivou a oportunidade de tornar dinâmico o conteúdo sobre povos indígenas em uma nova abordagem.

Em que momento você percebeu que tinha se tornado uma criadora de conteúdo? O que isso significou para você?

O reconhecimento das pessoas nas ruas me deu a real noção do impacto positivo de conteúdos sobre a verdadeira história dos povos originários no Brasil. Foi muito importante este retorno para assimilar que esse conteúdo faz sentido, como se fosse um grande reforço das aulas de história, que foram e ainda são muito fiéis à narrativa do colonizador.

O que a viralização, através da plataforma, significa para a sua vida?

Compreendo que a mensagem que transmito pode ser assimilada, e isso me motiva criar mais conteúdo que engaje a visibilidade indígena no mundo de hoje, mostrando que estamos vivos e extremamente produtivos.

Qual o seu sonho como criadora no TikTok?

Além de amplificar a visibilidade indígena, o meu desejo é também de viralizar muito mais as minhas canções e o conteúdo do meu álbum visual, "Kwarahy Tazyr".

Na sua opinião, quais são os principais atrativos do TikTok para produzir conteúdo?

O formato curto para criação de mensagens torna-se importante no mundo de hoje, este que quer tudo pra ontem, sem mesmo refletir sobre como este ontem aconteceu. É um desafio criar e abordar assuntos tão sensíveis em formatos curtos, mas é muito possível e, felizmente, são bem assimilados pelo público.

Como o TikTok impactou a sua vida?

Posso dizer que é um espaço de "fama" para muitos. Então, sinto um pouquinho de fama, mas o principal impacto é ver realmente a possibilidade de propagação de informações importantes para a sociedade. O impacto é coletivo.

Como você tem usado a plataforma para se expressar de forma autêntica?

Estou preparando desafios com os meus bailarines, André e Juliane. Meus seguidores têm pedido por mais conteúdo com dança, então estamos preparando com carinho. Por hora, tenho colocado no ar muitos clipes do primeiro álbum visual indígena do Brasil, "Kwarahy Tazyr." Espero que a MPO, Música Popular Originária, ganhe cada vez mais espaço nas plataformas. Contamos muito com a equipe do TikTok para conseguir isso!